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Os dramas da introdução alimentar

Todas as novas mães morrem de medo de falharem para com os seus rebentos. E, normalmente, a alimentação é aquele ponto sensível que nos leva a interrogar mil vezes se estamos a fazer bem ou mal. Não pensem que por ser Nutricionista que estou livre de todos os demónios alimentares! Aliás, em casa de ferreiro espeto de pau. Lembro-me de na primeira consulta com a Pediatra da M lhe ter dito para esquecer a minha profissão e me tratar como qualquer mãe. Tenho as mesmas dúvidas, receios, ansiedades e dramas. Para ajudar, tenho uma piolha que nasceu com pouco peso e não adora comer muito  (imaginam o meu coração a cada pesagem?!). Tenho a sorte de gostar de tudo o que lhe dei até hoje mas quantidades é que não é com ela. Karma de Nutricionista… só pode!

100% a favor da amamentação (mas sem fundamentalismos ok? há quem não possa, há quem não queira por inúmeros motivos que não devemos julgar, há quem queira e possa e simplesmente a criancinha é intolerante à lactose… estão a ver o meu karma??) mas a introdução alimentar é obrigatória a partir dos 6 meses por inúmeros motivos nutricionais. E aí começam uma série de aventuras e experiências que muitas vezes acabam connosco descabeladas e cheias de comida em cima e eles na maior como se nada fosse.

A organização é fundamental no que toca à introdução alimentar mas deixo este tema para outras núpcias. O que quero partilhar convosco é que não estão sozinhas neste mundo mas que tudo se faz com um mantra espectacular “inspira, não pira”.

T.

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Dieta? Agora? Segundo as minhas previsões, só lá para Setembro…

Nunca vos aconteceu decidirem, muitas vezes após uma semana de mais excessos, que a partir de determinado dia vão comer melhor, evitar certas coisas e ir ao ginásio regularmente e, ao chegar a casa, alguém se lembrou de pedir pizza ou comprou uma caixa de gelados? Este pode ser o problema do ano inteiro… Quando entramos em Junho a conversa é outra.

Ora bem, em Junho visto o primeiro bikini (ou talvez antes quando o tempo o permite) e chego à conclusão: abusei no inverno, vou passar o verão a saladinhas e batidos de fruta. Mas depois penso nos gelados… e nos petiscos… nas bolas de berlim… e na ausência de horas para comer porque se fica na praia até à noite ou porque se acorda à hora de almoço.

Mas o verão também tem as tais saladinhas, fruta fresca e batidos e na próxima semana eu começo o tal regime, afinal não custa assim tanto: está calor, tenho menos fome, até bebo mais água!

Mas calma, lembrei-me dos santos populares, ninguém se fica só por uma bifana ou sardinha no pão, e depois uma cerveja a acompanhar, e 2 ou 3 e ainda vendem churros nos locais de festa…. Pensando bem, depois dos santos populares (que às vezes prolonga-se para lá do mês de junho) dou início à dieta.

Julho… pois, em julho todos os fins-de-semana alguém faz anos e há jantares, já vou à praia mais vezes, muitas bolas de Berlim a passar (e sem creme não tem piada). Adiaremos então para Agosto.

Agora é que é! Em agosto já não há mais nada, tirando aqueles 15 dias no Algarve… Bem, 15 dias a comer grelhados e saladas não faz mal. Mas alguém se lembra de juntar a sangria, a entremeada, as batatas-fritas, a fruta (sim, em demasia também engorda) e pronto… lá terá de ficar para Setembro.

E estamos nisto, chega a Setembro e como os dias de praia já são mais escassos, o pneuzinho não sai à rua tantas vezes. Já posso comer o que me apetece!

Enfim, o melhor mesmo é manter a linha o ano todo para poder abusar pontualmente nos almoços e jantares que, afinal, estão presentes a qualquer altura. Um dia não são dias mas o verão tem muitos dias de gula… É certo que comer bem não é apenas para caber no bikini novo mas também uma questão de saúde, no entanto, mulheres desse lado que coloquem a mão no ar ao mesmo tempo que estão a ler isto, quem é que sofre de ansiedade por querer perder os 5kg em Maio quando devia ter pensado nisso em Janeiro? “Too late”

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Para grávida, estás ótima!

Apesar de ouvir esta frase muitas vezes, ainda me debato sobre o que querem dizer com ela. Quem a pronuncia denuncia aquele tom na voz que é um misto entre compaixão e mentira descarada. Depois, é olhar para a grávida e ver nos olhos dela uma mistura de alívio e tristeza – afinal estou ótima, só estou grávida!

O pânico de (quase) todas as grávidas

Sim, eu sei! Grávida sofre! E não, não estou a ser irónica! Passem por elas que saberão! Por isso, queridas grávidas, se se identificam com a descrição abaixo, usem os vossos superpoderes de quem carrega outro ser durante 9 meses para passarem pelos buracos da chuva do tão temido aumento excessivo de peso.

Normalmente a crise existencial começa quando passa um mês inteiro e eis que chega o dia da consulta! O horror para quem (bem lá no fundo) sabe que está tramado e vai ouvir do(a) médico(a) o “raspanete” merecido. Quando a grávida ouve as palavras “vamos subir para a balança”, é ver subir um nervoso miudinho pelas pernas acima e levantar da cadeira subitamente custa muito mais do que ver os pés para cortar as unhas ou subir vinte andares de escadas. Com a lentidão que o cérebro de grávida proporciona a qualquer mulher, começa um debate interno:

“É agora que se vai saber do gelado que comi todos os dias a seguir ao almoço, das chamuças e dos croquetes ao lanche e daquelas doses industriais de massa que me confortaram as noites, OMG, é AGORA! Pensa, pensa rápido. Podes culpar as pernas inchadas. Afinal ficam sempre uns trambolhos ao final do dia. É isso mesmo! Os 5kg que aumentei este mês são única e exclusivamente culpa dos líquidos! Ufa, estou safa!”

Eis que sobe um pé, e depois o outro, com vontade de deixar os calcanhares e uns quilinhos de fora. E não, não vale culpar a balança de ponteiros completamente descalibrada que (quase) todos os consultórios médicos têm. Afinal, a primeira pesagem foi ali, a segunda e a terceira também, e todas as outras serão. Deixem lá, se vos serve de conforto, as nossas balanças híper mega xpto também iriam acusar a mesma coisa. Simplesmente não vale comer por dois! Mesmo quando se quer fazer batota só porque ninguém está a ver. Mesmo com as hormonas loucas, que deveriam era estar internadas num hospício, e que usam aquela vozinha esquizofrénica que leva qualquer grávida a comportamentos bipolares.

Os outros… que adoram opinar

Por solidariedade com todas as grávidas que estejam desse lado, deixo uma mensagem. Pais, mães, avós, tios e amigos chegados: a gravidez pressupõe aumento de peso! Se acham que esse aumento está a ser excessivo, deixo-vos duas recomendações: primeiro, pensem muito bem antes de proferir qualquer frase e meçam todas as palavras; segundo, preparem-se para uma crise de riso, seguida de uma crise de choro, seguida de uma crise de pânico, seguida de uma crise de ódio, seguida de uma crise qualquer que, acreditem, a grávida vai sentir. Nestes momentos, o silêncio e sair de fininho são a vossa melhor opção.

Colegas do trabalho e pessoas que não se vêm há séculos e que se encontram na rua por mero acaso: abstenham-se de comentários deprimentes e maliciosos! Se acham que a grávida está “cheiinha” guardem para vocês essa informação. Caso contrário, arriscam-se a levar com um sorriso 33 ou com qualquer coisa que a grávida tenha à mão.

Grávidas deste mundo: vocês conseguem estar ótimas e grávidas ao mesmo tempo! Sintam-se com poder para dizer “Eu estou ótima e sim, estou grávida!”.

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Agora que acabou, vamos falar sobre a bipolaridade do mês de maio?

No outro dia uma amiga enviou uma foto que me deixou horas a rir: na imagem via-se uma rapariga que de segunda a domingo vestiu desde um sobretudo com um gorro até às orelhas, a calções com chinelos. Por isso, agora que acabou, vamos falar sobre a bipolaridade do mês de maio?

É que a loucura não se ficou sobre o que vestir todos os dias de manhã e se voltávamos a tirar toda a roupa de inverno que já tinha sido arrumada. Repararam o quão difícil foi planear as compras do supermercado? Ou simplesmente decidir o que deixar a descongelar para o jantar? Houve dias em que se acordou no Inverno a apetecer comer uma bela feijoada e as noites eram de Verão onde uma salada chegava perfeitamente para satisfazer os apetites mais vorazes. Houve outros dias em que se acordou de manhã com um sol maravilhoso e se combinou uma caracolada ao final do dia com os amigos, numa bela de uma esplanada, e a chuva e a trovoada mandou-nos encharcados e a tiritar de frio para a tasca comer um bitoque.

Ponha a mão no ar quem é do tempo de maio ser uma amostra deliciosa do Verão que nos espera! De chegarmos a dia 31 e a probabilidade de termos um belo bronze era infinitamente maior do que o mesmo acontecer em Abril, águas mil.

Já há tantas coisas que nos enlouquecem nesta vida que será que é pedir muito, São Pedro, que não nos presenteies com estas surpresas? Vá lá, os santos estão aí a aparecer, a malta quer é bailaricos e sardinha assada e olha que isso é saudável por isso não venhas com argumentos nutricionais para culpabilizar a insanidade do tempo.

 

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Tenho mesmo de fazer jantar?

Todos temos dias em que não nos apetece fazer nada. Só ambicionamos estar no sofá a ver uma qualquer série que não nos obrigue a pensar muito, enquanto petiscamos umas pipocas, uns cereais ou uma sopa e pouco mais. Não são dias de mau humor, atenção! Nada de baralhar as coisas. São apenas dias de estarmos “moles como as papas”, grunhirmos em vez de falarmos (falar dá muito trabalho) e termos pouca iniciativa para o quer que seja. Especialmente para quê? Para fazer jantar.

Aconteceu-me um dia destes esta semana. Foi uma semana de muito trabalho e com muito calor, o que me levou a entrar em modo “existo e pouco mais”. Cheguei a casa, larguei as coisas à minha volta e afundei-me no sofá com todas as intenções de ali ficar. E eis que surgiu aquele malfadado pensamento responsável: aiii, tenho de fazer jantar…..!!! Automaticamente entrei em modo birra, sem vontade de tratar do assunto, sem ideias para o fazer e sem ninguém para o fazer por mim. Obviamente para piorar tudo, precisava de almoços para o dia seguinte.

Aqui, começou todo um planear estratégico de como solucionar a situação com o menor esforço possível.

Estratégia 1: Jantar sopa e fruta ou pão com qualquer coisa e almoçar fora. Esta é sempre a primeira ideia quando surge este problema. Mas se há coisa que não gosto é de almoçar fora durante a semana. Porquê? Almoço sozinha, à pressa, nada de jeito (nutricionalmente e gastronomicamente) e ainda gasto no mínimo 6 ou 7€. Assim, obrigo-me a riscar esta estratégia preguiçosa e fácil.

Estratégia 2: Pedir à outra pessoa cá de casa para cozinhar………Bolas!!!! Ele só vem mesmo em cima da hora do jantar!! Hoje é a minha vez de tratar do assunto…

Estratégia 3: Almoço de “enlatados” e jantar de sopa e pão ou assim. Adoro, está feito!!

Levantei-me do sofá e fui logo tratar do assunto. Peguei numa lata de atum ao natural enlatado, um frasco de grão, escorri tudo, passei o grão por água, piquei um tomate e uma cebola (oh pra eu a fazer coisas, afinal!!), orégãos por cima e tchaanaammm!! Solução encontrada, almoços feitos e eu de volta ao sofá. Sinto-me orgulhosa de mim mesma! Não falhei nas minhas “obrigações”, não tenho de ir gastar dinheiro fora e ainda almoço de forma saudável. Espetáculo!

Isto até chegar a minha cara metade a casa, também largar ele as suas tralhas por ali, olhar em volta, ver a mesa nua, apenas com 2 tigelas de sopa e perguntar: Então?? E o jantar??

Posso mandá-lo para um sítio?!

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Feriados: o karma do Fitness!

Se há coisa que qualquer pessoa adora, são feriados! Por mais que gostemos da área em que estudamos ou trabalhamos, aquele dia extra em que não vamos trabalhar sem nos prejudicarmos por isso, é maravilhoso! Então quando calha antes ou após o fim-de-semana… é só TOP! E como os feriados sabem sempre a fim-de-semana, agimos como se fosse isso mesmo: fim-de-semana.

Lá em casa as coisas funcionam de uma forma muito simples: de 2f a 6f, fazemos/comemos refeições “normais”. E não, isso não significa almoçar e jantar apenas cozidos e grelhados, alfacinha e maçãs. Sacrifícios desnecessários não é comigo, apesar das pessoas acharem que as nutricionistas só comem 2 folhas de alface e meio peito de frango. Confesso que conheço uma ou duas assim, mas acreditem, não é de TODO a regra. Por isso, seja um estufado ou um belo assado (com a gordura adicionada controlada, claro), fruta como sobremesa, pão, granola, fruta, iogurtes, …, a semana passa-se de forma variada, saborosa e saudável.

Isto até ao fim-de-semana… aí há um jantar fora ou um convívio lá em casa, um passeio com um lanche diferente, enfim, vocês sabem. E não tem mal! É fim-de-semana, portei-me bem durante a semana, fui ao ginásio com frequência, tenho direito a uma, duas ou, vá, três refeições que saem do suposto. Três refeições já pode ser puxadote, mas tudo se consegue gerir.

Mas eis que surgem os feriados…e os seus almoços, jantares ou lanches extra…

“Ah, mas não é fim-de-semana, só tens de pensar que é um dia normal”. Não. Lamento. Não “sabe” a dia normal, sabe a domingo. E vocês sabem que sim! Apetece dormir até mais tarde, apetece passear, apetece praia (se estiver tempo para isso), apetece uma cerveja ou um cocktail à tarde, … E acima de tudo, apetece comer fora ou fazer jantar de domingo, que nunca é nada de jeito. Além disto, o que é que não apetece? Ir ao ginásio. E pior: o meu fecha aos feriados! E se já odeio correr, não é com esta vontadinha toda que o vou fazer a um feriado.

Como qualquer pessoa, gosto e preciso de ter o meu peso controlado, por todos os motivos, desde a saúde à estética. E estava controlado! E depois o que aconteceu?? Fim-de-semana prolongado de Páscoa, 25 de Abril e umas tentadoras pontes pelo meio. E a Páscoa da minha família é tipo um segundo Natal, mas isso é tema para outra Garfada.

Resumindo e concluindo: a carne é fraca, as tentações, mais que muitas e 1,5kg a mais em cima. Por isso, agora é focar, normalizar e recuperar.

Ah espera… vem aí o 1º de Maio, não é? BOLAS!

C.

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Sabores Improváveis

Sabores improváveis – uma delícia…..?!

Vários anos de convivência com família, amigos e consultas de nutrição, fizeram-me ouvir muita coisa, como devem imaginar. E já pouco no mundo da nutrição me consegue chocar. Chef’s conceituados do mundo conseguem ficar famosos pela junção e utilização de ingredientes supostamente improváveis, logo porque não fazermos o mesmo? Alguns de nós tentaram isso e caímos no erro de partilhar essas escolhas. Como já “sofri” na pele bullying nutricional acerca de certos sabores que adorava, hoje decidi tornar tudo público. Prontos?

  • Pão com maionese – pois é malta, esta combinação existe e é maravilhosa. Como sei? Porque fui uma das pessoas que a comeu na infância, influência da minha ama (sim, eu sei… também não entendo o porquê de ela achar que seria adequado para mim). Mas não é uma maionese qualquer… é aquela clássica, que todos sabemos o jingle do anúncio antigo e mais dicas não dou. Das poucas vezes que partilhei este meu pecado de infância, sempre fui julgada. Ouvi comentários desde “que nojo” a “isso não pode ser bom!” e eu percebo. É maionese. E muita. Em cima de pão. Não soa nada bem e nutricionalmente, é horrível. Não há justificação. Mas eu bem sei que não fui a única a cometer esta infração à alimentação saudável.
  • Gelado com batatas fritas – a primeira vez que ouvi isto fiquei um pouco sem reação. Ainda hoje, fico. É verdade que nunca provei, mas tenho zero vontade de o fazer. Ok, percebo o doce com o salgado, mas a compreensão fica mesmo por aí. Até porque o gelado deve tornar a batata frita mole, não? E batata frita mole é só horrível. Nesta linham, há agora a moda do bacon em sobremesas e quem prova fica louco. Eu ainda não me convenci. É porco… numa sobremesa…
  • Olhos de peixe – sim, leram bem. Há quem apenas os “chuche” e há quem os coma mesmo. Porquê? Assumo que considerem que seja bom, não? É que comer uma cabeça de peixe, eu percebo, pois eu própria adoro algumas, como a da dourada ou robalo grelhados. Mas traço o meu limite nos olhos do peixe. È que é o olho é “super viscoso” com algo rijo no meio… E não me venham dizer que comer a cabeça do peixe é estranho, pois é maravilhoso e saudável. Já me rendi e assumi o erro ali no assunto do pão com maionese, não cedo mais.
  • Ketchup na sopa – este é mais comum em crianças. Aposto que foi descoberto por uma mãe em desespero para conseguir que o seu filho comesse a sopa. Mas mesmo assim, como é que ela foi pensar nisto? O miúdo adorava assim tanto ketchup que conseguia disfarçar a sopa? E aqui, surge outra questão: que quantidade de ketchup?! A meu ver, nem um desespero de mãe justifica a escolha e a combinação. Já o disse (e escrevi noutra Garfada) que adoro sopa e este ato, para mim, é uma profanação da mesma.

Identificaram-se com algum ponto? Bem, acho que já não vale a pena ter vergonha. Agora já toda a gente sabe!

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24 horas de puro prazer gastronómico (para desespero de alguns!)

Quem é que não faz um zapping pelos canais de culinária? Eu confesso que sou fã e passo horas e horas deliciada com as receitas que passam no ecrã. Puro prazer gastronómico porque os olhos comem e muito! Até comprei um caderno onde anoto as receitas que quero experimentar depois. Ok, muitas delas nunca as fiz e nem sei se as vou fazer, mas têm tão bom aspeto que decido que merecem ir para o meu livro encantado do mundo da culinária.

E sou fã de todos os programas: desde os nutricionalmente educativos aos de pastelaria – sem filtros. Se é para ver é para ver. Há sempre truques e ideias que podemos tirar para aplicar com alguma contenção. Pelo menos idealizo isso na altura enquanto as minhas papilas gustativas salivam por toda aquela gordura e açúcar. Já me passou pela cabeça que estes programas devem estimular alguma parte do meu cérebro porque se tornam aditivos!!! Os meus dedos acabam sempre por escolher os números do canal quando pegam no controlo remoto. Mas se em mim o impacto que estas iguarias têm é de ter milhentas receitas escritas à mão (que o mais provável é nunca serem cozinhadas) e de organizar jantaradas lá em casa, para outros pode ser um verdadeiro desespero!

Imaginem que vivem com uma Nutricionista (é um espetáculo devo dizer!) mas que teimam em não seguir os seus sábios conselhos. E imaginem, também, que o vosso jantar foi por autorrecriação mais parecido com uma visão no meio do deserto, que se sentam no sofá com o estômago a reclamar a falta de comidinha e têm a vossa cara-metade ao vosso lado deliciada a ver canais de culinária. Soa a tortura dos tempos medievais!

Pessoalmente, sou contra a tortura, principalmente a alimentar. Sou 100% a favor dos oásis no meio do deserto. De manter os pratos da balança equilibrados. De zero fanatismos no que toca a “dietas”. Mas há quem faça ouvidos de mercador e não nos dê cavaco. E nisto, as nossas famílias são exímias!

Entre olhos de carneiro mal morto intercalados com olhares fulminantes, é notório o desespero do pedido de mudança de canal. Devia ficar com pena e mudar para um filme ou uma série mas aproveito para tornar o momento educativo: “se tivesses comido o que devias (e não apenas uma folha de alface!), nada disto te afetaria”.

Mas só porque o meu livro de receitas está longe de estar completo, lá por casa há momentos de puro prazer gastronómico para uns e desespero para outros.

T.

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O dia em que fui ao RPM

 

Penso que não sou a única pessoa que já passou por todas as fases motivacionais no ginásio: a fase em que andava meio baldas e a fase em que ia quase diariamente; a fase em que só fazia aulas, porque cardio/musculação era uma seca e a fase em que só fazia cardio/musculação, porque não me apetecia ir às aulas. De momento, estou num misto de tudo isto: pouca vontade de ir treinar, mas lá vou; cardio/musculação deixaram de ser uma seca e já me começa a apetecer fazer uma ou outra aulinha de vez em quando.

Com este espírito em mente, ao ver o novo mapa de aulas do meu ginásio, resolvi fazer algo que sempre disse que não faria: ir ao RPM. Porque é que sempre disse que não faria, perguntam vocês? Porque aquilo sempre me pareceu um bocado o inferno na forma de uma sala escura, muito quente, com muito som e muito suada. Com lasers pelo meio…. Nunca percebi a cena dos lasers nas aulas de Cycling, RPM e outras que tais, mas que os há quase sempre, há! Se alguém souber o porquê, por favor, partilhe. De certeza que não sou a única com esta dúvida.

Assim sendo e cheia de positivismo, lá me preparei para a estreia no RPM. Ténis: check! Toalha: check! Água: check! Já tinha visto malta a ir para esta aula e levam quase sempre uma almofadinha em formato de selim, mas não tinha. Não ia comprar para ir experimentar a aula. Também, de certeza que não era assim tão essencial. Enquanto espero para entrar na sala, apercebo-me que, realmente, a tal “almofadó-selim” é um essencial nas mãos do pessoal. Quem não tem, leva uma segunda toalha… começo a pensar que posso ter cometido um erro de principiante, mas já não havia nada a fazer.

Entro na aula e o professor explica-me tudo, ajeita-me o selim, o guiador (que ali não guia nada), os apoios dos pés e sei lá mais o quê, enquanto me explica tudo o que faz (que para mim só me soa a “bla bla bla whiskas saquetas”). E eu lá me sento, naquilo que deve ser a posição perfeita para o ciclismo, tendo em conta a quantidade de partes da bicicleta que foram personalizadas para este corpinho. Olho à minha volta e está tudo já a pedalar. “Vamos lá a isto…” penso eu e dou o primeiro arranque. Para quem já fez alguma aula destas, sabe que a bicicleta está com o mínimo de resistência, ao início da aula. Eu não sabia. Por isso, não só devo ter dado o arranque com mais vontade que aquela bicicleta já viu, que quase que efectivamente andou, como fiquei toda contente: “Isto vai ser fácil”.

Não foi. Foram 45minutos em que devo ter suado os 3L de água que já tinha bebido naquele dia, em que pensei mil vezes “mas isto não acaba???”, em que já sentia todos os ossos que existem no rabo, em que mandei o professor pra um sítio feio (mentalmente, claro), de cada vez que ele gritava “CAARGAAAAAA”. Ele que me perdoe, mas é a verdade. Obviamente que quando ele perguntava se estava tudo bem, eu fazia o meu sorriso amarelo nº 33 e respondia “sim, sim”. Não sei com que fôlego, mas respondia.

Olhando à minha volta, percebia que não era a única a morrer. Percebi também que há quem goste de ir lá morrer todas as semanas. Que apertam aquela rosca da resistência com pujança, levantam o rabo e sobem uma colina imaginária com vontade enquanto gritam “hey’s” e coisas do género. Uns gritos numa aula de combat percebo, mas ali não. Ali falar ou gritar é perder segundos de respiração essencial para não entrar em apneia.

Surpreendentemente, a aula terminou relativamente depressa. Sim, pensei várias vezes “mas isto não acaba”, mas acabou até antes de eu esperar. E eu tinha SOBREVIVIDO… Era uma resistente, uma lutadora, uma guerreira. Pelo menos era o que sentia naquele momento enquanto alongava e pensava “isto afinal não é assim tão mau”.

Tanto não é assim tão mau, que já lá voltei mais algumas vezes (com toalhinha extra, aquele selim não me lixa outra vez!). E é sempre a mesma montanha russa de emoções e pensamentos: “isto vai ser rápido”, “MAS ISTO NÃO ACABA?!” e “Já está! Boa!”. Porque na verdade é um treino eficaz em apenas 45minutos. Assim, com uma ligeira amnésia, lá faço esta aula com alguma frequência, mas sem gritar “hey’s” e sem ver a colina na minha cabeça. Isso não. Lamento.

C.

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A garrafa de água também nos pesa (e obriga-nos a muitas viagens)

Hidratar, hidratar, hidratar! Esta palavra de ordem faz parte do nosso dia-a-dia. Tentamos cumprir a dose de água diária mas quantas vezes olhamos para a garrafa de água e ela está tão cheia como de manhã? É um sentimento desesperante!

Pessoalmente, adoto a estratégia de ter uma garrafa de meio litro por vários motivos.

Motivo 1

Não tenho um colapso ao olhar para 1.5L de água, que me faz logo desistir da tentativa de o beber todo. Parece que a cada golo que dou a água se auto-multiplica dentro da garrafa e nunca esvazia.

Motivo 2

Convenhamos, uma garrafa pequena pesa muito menos na mala, principalmente se for vazia. É que a água também nos pesa e não lembra a ninguém que para estarmos hidratados temos que arranjar lesões na coluna – venha o Diabo e escolha. Já basta andarmos com a marmita de um dia inteiro atrás!

Motivo 3

Permite-me variar. Adoro água e por mim é perfeita saída da torneira mas tem dias em que apetece passar para os chás reconfortantes ou experimentar combinações que a aromatizam e lhe dão cor. Ora, se eu tenho toda a minha dose diária de água numa garrafa, bebo como está e sem direito a escolha.

Motivo 4

Ajuda-me a não ter desculpas. Já se sabe, em casa de ferreiroespeto de pau e em casa de Nutricionista desculpas convincentes. “Ah e tal, não bebi água porque hoje ia muito carregada e não levei a garrafa comigo mas comi sopa e bebi um sumo.” Se lhe soa familiar, é porque também é perito em arranjar desculpas!

Um dos dramas da água é que, apesar de beber água ser muito importante, exerce aquela reação fisiológica que todos conhecemos – idas regulares à “casinha”. Quem bebe água consegue identificar à distância os seus comparsas. Basta ver alguém a ir e vir de 15 em 15 minutos para nos sentirmos solidários. Vendo sempre o lado positivo, considero este efeito fantástico: hidratamos, eliminamos toxinas e ainda levantamos o rabo várias vezes da cadeira e mexemos as nossas pernas.

Também partilhamos consigo os seus dramas hídricos e sabemos o quanto custa. No entanto, encare o desafio da água antes que a ausência da água o pare a si!

T.